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Cupins

 Fritz Muller – O Primeiro Cupinólogo do Brasil
Fritz Muller, o príncipe dos observadores no dizer de Charles Darwin e herói da ciência nas palavras de Ernest Haeckel, um homem raro que dedicou sua vida ao conhecimento, segundo Edgard Roquete-Pinto.
Fritz Muller é conhecido por sua correspondência com Charles Darwin, durante 17 anos consecutivos, até a morte do autor da Teoria da Evolução em 1882. Esse intercâmbio teve início com o livro Fur Darwin (Para Darwin), pioneiro ao resumir comprovações biológicas da Teoria Evolutiva pelo mecanismo da seleção natural, apresentada pelo naturalista inglês em 1859 no livro Origem das Espécies.
O sábio Fritz Muller não admitia o plágio das idéias ou descobertas alheias, observava até adquirir convicção (num processo que podia levar anos de pesquisa até a publicação, mas sem desprezar observações únicas ou pontuais). A atração de Fritz Muller pelos cupins provavelmente decorreu de sua atividade de colono, ao longo dos anos, no preparo da terra para cultivo e deve ter despertado a atenção de moradores da então colônia Blumenau. Fritz também foi o primeiro a estudar os cupins da Mata Atlântica, da vegetação de restinga, embora não distinguisse as diversas categorias da matas em que realizava suas coletas.

 O Controle Moderno de Cupins no Brasil
Na atualidade contamos com livros e capítulos que exploram esse segmento do conhecimento, o qual cada vez mais atrai interessados, tanto no campo operacional de controle, como na investigação científica.
 Categoria de Cupins
Cupins são reunidos na Ordem Isoptera, com mais de 2.800 espécies no mundo. Compõem um grupo taxonômico pequeno, quando comparados a outras ordens de insetos, bem mais numeroso. Nos ambientes tropicais, entretanto, são abundantes e seus ninhos podem desenhar paisagens, como ocorre em campos e pastagens, as quais podem apresentar relevo marcado pela irregularidade dos mesmos.
Na América ocorrem cerca de 800 espécies, sendo mais de 300 no Brasil. Estes números aumentam periodicamente com a descrição de novas espécies. No continente americano, apenas 50 a 60 espécies foram assinaladas como pragas agrícolas ou urbanas (5 – 8% das espécies). No Brasil, cerca de 10 espécies parecem ser efetivas e comuns em áreas urbanas, atacando edificações em geral.
A maioria dos cupins exerce ação benéfica no ambiente, em especial no solo. Incluem-se nessa categoria cupins de solo, denominação que erroneamente se explica aos cupins pragas mais comuns, da categoria dos cupins subterrâneos.
Reconhecem-se quatro categorias de cupins, quanto ao hábito geral. Não são necessariamente divisões taxonômicas, porém congregam cupins de hábitos similares. Todas essas categorias estão bem representadas nas cidades:

São os cupins da família Kalotermitidae. São estritamente xilófagos e seus ninhos são constituídos pelas câmaras e túneis que escavam na própria madeira que consomem como alimento. Não constroem ninhos externos à peça de madeira que habitam nem transitam pelo solo, vivendo restritos à madeira.
 Aspecto Biológico: Alimentam-se e fazem ninho na madeira.
 Material Fecal: Pelotinhas secas, roliças e muito duras.
 Aspectos morfológicos do soldado e operador: corpo alongado e esbranquiçado, sem cintura (tórax largamente conectado ao abdômen) e com aspecto vermiforme, tórax não estreitado em relação à cabeça.  Espécies mais Comuns: Cryptotermes brevis (espécie introduzida é a praga mais comum, presente em todo Brasil). Na região Norte e Nordeste também ocorrem a Cryptotermes dudleyi. As árvores urbanas são colonizadas por espécies nativas de Rugietermes e às vezes por Neotermes e outras as quais não acarretam nenhum dano.

 Cupins Subterrâneos
São os cupins da família Rhinotermitidae. São xilófagos e vivem em ninhos construídos fora do alimento e em local bem oculto, os quais dificilmente são encontrados geralmente em grandes ocos ou na profundidade do solo.
Alguns fazem ninhos difusos, constituídos tão somente de galerias dispersas, tanto no solo como em grandes peças de madeira podre (troncos e raízes).
Transitam amplamente pelo solo, mas dele não dependem para a sua sobrevivência, desde que obtenham condições adequadas de alimentação e umidade.
 Aspecto Biológico: Alimentam-se de madeira; transitam pelo solo, mas não obrigatoriamente, pois a colônia pode florescer afastada do solo.
 Material Fecal: Utilizado na construção dos túneis e ninhos; tipicamente o revestimento fecal de cupins subterrâneos é de cor castanha (clara), visualmente um mosaico de pelotinhas mais claras.
 Aspectos da Morfologia do Soldado e Operários: tórax e abdômen esbranquiçados, conexão entre tórax e abdômen acentuada; tórax estreito em relação à cabeça. A cabeça do soldado é amarela alaranjada, clara; fontanela presente.
 Espécies mais comuns em área urbanas: Coptotermes gestroi (espécie introduzida é a praga mais destruidora dentre os cupins pragas e está em expansão no Brasil, onde foi recentemente introduzido nas regiões Sul e Centro-Oeste); Heterotermes assu (é uma espécie introduzida na costa do Sudeste e de pátria original desconhecida). Outras espécies como Rhinotermes marginalis (nativo nas regiões Centro-Oeste e Norte foram introduzidos na margem atlântica de região Sudeste); Heterotermes (H.tenuis, H. longiceps e outras) ocorrem como pragas de menos importância do estado do Pará/ Brasil. Reticulitermes flavipes oriunda do hemisfério Norte, é muito destrutiva e foi introduzida no Uruguai e constitui uma ameaça real.

 Cupins de Solo
Encontram-se na família Termitidae. Como o nome da categoria informa, vivem no solo e dele dependem para a sua sobrevivência. Podem se alimentar de ampla variedade de substratos. Podem construir vários tipos de ninhos (egípcios, subterrâneos, difusos). É a categoria com maior diversidade de espécies, muito comum e importante em matas, reflorestamentos, cultivos agrícolas, pastagens e jardins e gramados urbanos.
 Aspectos biológicos: alimentam-se de ampla variedade de substratos (madeira, madeira podre, raízes, rizomas, detritos vegetais)
 Material Fecal: utilizado na fabricação dos túneis e ninhos, tipicamente o revestimento fecal de cupins de solo é de cor escura (cinza escuro a preto), quase não visualizando as pelotinhas individualmente. Aspectos da morfologia do soldado e operário: o tegumento do tórax e abdômen comumente é transparente e permite visualizar o conteúdo escuro do intestino, apresentam o corpo cintura fina e o abdômen pode ser globoso. A cabeça do soldado é de cor variável.
 Espécies mais comuns nas áreas urbanas: o conhecimento sobre os cupins de solo em áreas urbanas é escasso. A maioria das espécies não é praga e exerce papel benéfico no solo. Algumas são muito pequenas e passam praticamente despercebidas (vários cupins sem soldados são da subfamília Apicotermitidae). Outras são de porte médio como Aparatermes (muito comuns em jardins urbanos). Procornitermes (especialmente os construtores de ninhos subterrâneos, comuns nos remanescentes florestais). Uma espécie nativa, Cortatritermes fulviceps, construtora de ninho epígeo (cupim de montículo) e cujo cupim apresenta cabeça alaranjada é praga de edificação na região Sul. Outra praga de edificação é a Amitermes amifer localizado na região CentroOeste.

Cupins Arborícolas
Este se encontra na família Termitidae. Constroem ninhos em suportes (ninhos arborícolas), geralmente representados por árvores, mas também, pedras e paredões rochosos, além de artefatos construídos com vários materiais (madeira, alvenaria, pedra, taipa). O ninho comumente é bem visível externamente ao suporte (ninho exógeno), mais muitas espécies constroem ninhos ocultos em ocos e raramente localizáveis. A maioria é xillófaga, embora algumas consumam outros substratos como micro epífitas que crescem sobre as cascas das árvores ou o solo humoso.
 Aspectos biológicos: as espécies pragas alimentam-se de madeira; podem transitar pelo solo, em túneis que constroem, muitas vezes na superfície ou logo abaixo, bem como margeando calçadas e pisos.
 Material Fecal: Utilizado na construção dos túneis e ninhos, tipicamente o revestimento fecal de cupins arborícolas é de cor escura (pode ser preto) quase não se visualizando as pelotinhas individualmente.
 Aspectos da morfologia do soldado e operário: o tegumento do tórax e do abdômen pode apresentar escleritos escurecidos ou pode ser transparente, em ambos os casos permitindo visualizar o conteúdo escuro do intestino, apresentam o corpo com cintura fina e abdômen geralmente fusiforme, mas pode ser globoso.
 Espécies mais comuns em área urbanas: Algumas espécies nativas são pragas em diversas regiões do país como: Nasutitermes corniger e Nasutitermes bivalens. Estas duas espécies já foram introduzidas em diversas cidades em regiões nas quais antigamente não existiam. A maioria das espécies não são pragas ou são pragas oportunistas que apenas invadem caso encontrem condições de umidade e podridão. Assim, ocorre com Nasutitermes aquilinus, comum em todo Brasil.

 Diagnóstico de Cupins (Insecta: Isoptera)
Sendo insetos predominantemente tropicais, climas quentes e úmidos como os
do Brasil lhes são favoráveis. Com sua vasta extensão
ecológica, o Brasil tem uma das termitofaunas mais diversas do mundo, com registro
de cerca de 200 espécies.

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